sábado, 3 de abril de 2010


O Amor
O amor não escolher hora, lugar nem idade. Quando ele acontece, todas as barreiras se tornam meros detalhes.

A necessidade de amar é inerente à condição humana. É uma experiência que tem suas raízes nos primórdios da existência, quando aprendemos a amar e a sermos amados pelos nossos pais. Na fase adulta, procuramos uma parceira para darmos continuidade ao exercício do amor, que já conhecemos de longa data neste ciclo da vida.
Amar e ser feliz resume o binômio mais desejado pelo ser humano. Neste propósito é comum as pessoas não se importarem com as diferenças, desde que alcancem as realizações almejadas. O que ocorre é que nem sempre as situações são tão simples assim. As discriminações dirigidas às raças, religiões, opções sexuais e diferenças de idade nos relacionamentos ainda não foram totalmente superadas, nem apaziguadas, até o momento atual. Ainda se observa que muitas das uniões envolvendo pessoas com grandes diferenças de idade tornam-se alvos de comentários, no mínimo pejorativos. E uma pergunta fica no ar: porque ainda nos causa estranheza ver pessoas mais velhas se relacionando com outras mais jovens?
A terapia sexual e de casais, define nossa cultura como possessiva, pois as pessoas tendem a procurar alguém para supri-las em suas necessidades e não para complementá-las numa relação amorosa. Em um relacionamento, devem existir projetos e realizações em comum, assim como é preciso que ambos tenham a capacidade para negociar as diferenças, fazer acordos que enriqueçam o vínculo e concessões sempre que necessário para o bem-estar dos dois.
Os relacionamentos com diferença de idade podem enfrentar barreiras quase intransponíveis quando a necessidades dos parceiros seguem caminhos divergentes. Um exemplo disso é quando o cônjuge mais velho, muitas vezes inconscientemente, tenta resgatar com a pessoa mais jovem sua juventude perdida. Em contrapartida, a mais jovem pode buscar na pessoa mais velha a segurança semelhante a oferecida pelos pais.
A fácil aceitação social dos relacionamentos de homens mais velhos com mulheres jovens é um resquício de uma sociedade patriarcal, que permite ao homem não somente ter uma mulher mais jovem, como engordar e até mesmo envelhecer sem ser recriminado.
Exemplo de felicidade é o casamento de Daniel , 61 anos e Lurdes, 78 anos. Casados, há 36 anos, o segredo do sucesso, segundo eles, sempre está no fato da relação ter sido baseada em muita confiança e amor. "Nosso casamento foi firmado em sentimentos e objetivos totalmente partilhados e as diferenças foram e são superadas com muito diálogo" relata Doriti.
Mas num relacionamento em que a mulher é mais velha, a intolerância social é maior. A mulher madura é vista predominantemente como mãe pela sociedade. 'E quando esta mulher procura um homem mais jovem para se relaciona, ele deixa claro que sua busca é pela realização afetiva e sexual. E, infelizmente, mesmo numa sociedade moderna, "a família e os amigos tendem a estranhar essa relação, o que resulta numa rejeição" finaliza a terapeuta.
Mais uma vez, como em tantos outros casos, o sentimento acabou dando a força necessária para enfrentar as dificuldades. É por essa razão que o que se deve avaliar não são as diferenças, mas sim o objetivo de realização do casal. Muitas das barreiras encontradas podem se tornar fortalecedoras do relacionamento, criando entre os parceiros um vínculo especial que os fará romper o preconceito. É dessa experiência de entrosamento nas escolhas e decisões da vida a dois que o casal se une e desenvolver a cumplicidade. É assim que a maioria faz da discriminação social um motivo para a união cada vez maior. E o que era para ser um grande problema, acaba se transformando na força da relação.
Além disso, alerta que a vida a dois para ser bem-sucedida precisa de criatividade. Organizar surpresas que melhorem e movimentem a intimidade, o diálogo e o respeito são temperos indispensáveis para a vida compartilhada. Neste sentido, a idade é apenas uma das inúmeras variáveis que precisam ser bem administradas no relacionamento amoroso.

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